Anos 20 – O glamour e a loucura da Geração Perdida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os jovens sabiam bem como aproveitar a juventude na década de 1920, se divertindo em meio à todo o brilho, bebidas caras e contos e romances atemporais. Era como se vivessem num “Carpe Diem” extremista, porém sem saber para onde ir. Não tinham planos, não tinham propósitos. Apenas viviam um dia de cada vez, não se preocupando com o amanhã. Esses dez anos na história do mundo vieram recheados de novas invenções, novos estilos, novas formas de viver… um novo mundo surgia enquanto a sociedade se fragmentava cada vez mais.

E hoje, a gente vai ver um pouco mais sobre os loucos que viveram os anos 20 e como a moda se refletia nas pessoas da época. Vem comigo!

Vamos começar falando da razão de toda essa revolução nos guarda-roupas: a Primeira Guerra Mundial foi um dos acontecimentos que fez a sociedade abaixar a cabeça e apenas se concentrar em sobreviver. O amanhã deveria existir, a comida deveria se manter e os maridos deveriam voltar para casa, vivos. De 1914 a 1918, o medo reinava por aí. Como resposta, os sobreviventes decidiram se desfazer um pouco de algumas regras sociais.

 

Falando delas, de nós, mulheres que aos poucos, quebravam padrões de comportamento e de vestimenta, não podemos deixar de comentar sobre as tais melindrosas, garotas jovens e revolucionárias, que subiram suas saias, encurtaram as madeixas e escureceram a maquiagem. Elas queriam viver, queriam liberdade sexual, liberdade profissional e independência financeira. Elas queriam igualdade, queriam dirigir seus carros montáveis com suas amigas e dançar jazz e o Charleston até não poder mais.

A moda feminina deixou de forçar silhuetas magras com seus espartilhos antigos e armações e começou a priorizar a moda natural, deixando a forma de suas saias, blusas e vestidos mais reta e mais curta. Os tornozelos e joelhos começaram a aparecer e os sapatos mais populares da época eram do estilo Mary Jane, fechados na frente, com uma tira fina no tornozelo e saltos baixos.

Um acessório muito popular na época era os chapéus, porém, não aqueles grandões com abas largas. Eles também diminuíram de tamanho, ficando mais justos nas cabeças das mulheres, que tinham seus cabelos quase completamente cobertos pela peça, por conta do seu comprimento curto. As joias também eram importantes nesse período, principalmente colares de pérolas que representavam a elegância da mulher moderna.

 

 

 

Na América do Norte, as melindrosas eram chamadas de “flappers” e faziam sucesso no cinema, teatro e nas artes em geral. Vamos ver alguns exemplos de mulheres famosas nos anos 1920 abaixo:

 

Anna May Wong (1905 – 1961)

Nascida em Los Angeles, descendente da segunda geração de chineses, Anna se interessou ainda criança pela indústria do cinema. Anna tornou-se um ícone da moda e alcançou o estrelado e reconhecimento internacional em 1924, porém sofreu muito com os estereótipos preconceituosos na Hollywood da época em suas personagens coadjuvantes. Por isso, deixou a indústria cinematográfica de EUA e partiu para a Europa no final da década de 1920, onde estrelou em papéis notáveis, como em Piccadilly (1929). Anna estava escalada para um papel no filme Flower Drum Song, mas em 3 de fevereiro de 1961, Anna teve um infarto enquanto dormia em sua casa em Santa Mônica, dois dias antes do sua última participação no programa The Barbara Stanwyck Show, falecendo com 56 anos.

Josephine Baker (1906 – 1975)

Uma das principais atrizes negras da época, começou a carreira cedo, como artista de rua, dançando. Aos quinze anos, participou de alguns espetáculos de  vaudeville de St. Louis Chorus. Atuou em Nova York também, em espetáculos da Broadway, entre 1921 e 1924. Em 2 de outubro de 1925, estreou em Paris, fazendo sucesso com sua dança erótica, aparecendo praticamente nua, com seus tops brilhantes e saias divertidas e curtíssimas como a que era feita de bananas, ficando memorável para quem a assistia. Nos anos 950, usou sua popularidade ainda existente na época lutando contra o racismo e apoiando a emancipação dos negros e o Movimento dos Direitos Civis de Martin Luther King. Ela faleceu em 12 de abril de 1975 de uma hemorragia cerebral.

 

Louise Brooks (1906 – 1985)

Brooks estreou nas telas no filme mudo The Street of Forgotten Men (1925), em um papel não acreditado. Seu distintivo corte de cabelo ajudou a iniciar uma tendência. Em 1928, Brooks discutiu com um produtor da Paramount, após o mesmo lhe negar um aumento prometido, e acaba deixando a produtora, mesmo com o estúdio tentando amedrontá-la com a chegada do cinema sonoro, embarcando rumo à  Alemanha para gravar o filme que viria a ser o seu maior sucesso: A Caixa de Pandora. A produtora tentou entrar em contato muitas vezes afim de querê-la de volta para dublar um filme que ela havia estrelado, já que queriam tentar estrear no cinema sonoro.

Mesmo sendo ameaçada pela produtora, que alegava que “ou Louise aceitava, ou nunca mais trabalharia em Hollywood” ela não se deixou abater e respondeu: “Quem quer trabalhar em Hollywood?”, virando as costas e saindo. Apesar de sempre ter sido uma mulher de personalidade forte e se distinguir da maioria dos atores de Los Angeles, sempre submissos e mal pagos, a atriz sofreu em sua carreira depois de sua saída dramática, pois a Paramount cumpriu com sua palavra, fazendo com que nenhum estúdio a quisesse para estrelar ou dublar algum filme.

Apenas 30 anos depois, este movimento rebelde viria a ser considerado como o mais experiente de sua carreira, garantindo sua imortalidade como uma lenda de cinema mudo e de espírito independente.

 

Coco Chanel (1883 – 1971)

Um exemplo de ícone de moda da época e que mantém seu legado até os dias de hoje é a estilista Coco Chanel. Ela nasceu em agosto de 1883 e desde que se conhecia por gente, era alguém à frente de seu tempo. Segunda filha de uma lavadeira, foi colocada junto da irmã em um orfanato pelo próprio pai, logo após a morte da mãe. Aos 18 anos, saiu de lá indo para uma pensão para moças, onde aperfeiçoou sua costura e reencontrou sua tia Adrienne. Juntas, foram contratadas por um ateliê de costura para confecção de enxovais em 1903, e assim, as duas buscaram a independência saindo do pensionato. Ela foi a responsável pela grande moda revolucionária que permitia às mulheres usarem peças consideradas masculinas em seus guarda-roupas.

 

 

Na moda masculina, também tivemos mudanças. Tudo contribuía para que o visual jovial e despojado estivesse com tudo, querendo dispensar também a postura de autoridade do público masculino e, para isso, os paletós encurtaram, as golas desceram um pouco e disseram adeus às barbas e bigodes. Os chapéus continuaram populares entre eles, mas com algumas mudanças: as cartolas não eram mais usadas, sendo ultrapassadas e assim, o topo do acessório ficou mais baixo. Feitos de palha e decorados com uma faixa preta ou vermelha, os “straw boater hats” ou chapéus de velejador, ficaram famosos pelo ator Harold Lloyd (1893 – 1971).

Outro chapéu muito popular na época era a boina, que trazia um visual casual e jovem, tanto para os homens quanto para as mulheres.

 

A moda daquela época era elegante, divertida e despojada, querendo se livrar de todas as cinzas e tristezas da década passada e apenas aproveitar a juventude, pregando a liberdade sexual e o Jazz. E até estavam certos em viver como se não houvesse amanhã pois o que aguardava a sociedade, não só dos EUA mas de todo o mundo, era a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, que acabaria com toda a diversão e traria de volta as preocupações.

 

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